terça-feira, 9 de novembro de 2010

Nota de Repúdio

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO
CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE IMPERATRIZ


A UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO, através do Centro de Estudos Superiores de Imperatriz, vem manifestar repúdio e indignação pelo conteúdo, forma e método com que foram tratados pela Rede Globo no quadro “É bom pra quê?” veiculado na Revista Eletrônica Semanal Fantástico, exibida no dia 12 de setembro de 2010, a cidade e a população de Imperatriz, o professor Antonio Augusto Brandão Frazão, a Universidade Estadual do Maranhão, o Centro de Difusão Tecnológica – CDT, projeto fruto de parceria entre Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária – INFRAERO, UEMA e outras Instituições públicas e particulares do município.

Os saberes populares constituem um patrimônio cultural fundamental para entendermos as relações das sociedades com a natureza ao longo das gerações, assim como seus legados. O conhecimento sobre plantas e seus usos nas mais diversas manifestações é assunto consolidado, inclusive constituindo escopo de uma área da Botânica, a Etnobotânica.

A Fitoterapia consolida-se mundo afora com o rigor imprescindível para a sua construção científica. A própria matéria veiculada é forçada a reconhecer tal afirmação, ao mencionar que de cada dois medicamentos quimioterápicos utilizados nos tratamentos de tumores cancerígenos, um foi descoberto no Reino das Plantas.



É estranho que o Professor Dráuzio Varela, um renomado médico e autor de sete artigos científicos, insista em cometer equívoco de reduzir a fitoterapia a somente a ação medicamentosa homeopática. Até mesmo por que um dos efeitos já conhecido cientificamente de um dos fitoquímicos da planta em questão, as Acetogeninas de Anonáceas, é de natureza alopática: a depleção dos níveis de ATP através da inibição do Complexo I da Cadeia Transportadora de Elétrons, na Organela Celular Mitocôndria, inviabilizando assim o metabolismo celular.

Os inúmeros pesquisadores da UEMA, como a comunidade científica mundial, são sabedores do rigoroso procedimento dos Protocolos de Investigação, de Biossegurança e de Bioética quando for a situação, que devem ser seguidos na condução dos experimentos. Enfim, é imperiosa a execução do Método Científico.

Em trabalhos de conhecimento, rastreamento, isolamento e ação de princípios ativos de produtos de origem vegetal, os protocolos de investigação são complexos e detalhados para que os resultados obtidos sejam críveis e possam ser submetidos à comunidade acadêmica para análise, refutação e assim construir o conhecimento científico para ser difundido para a sociedade.

O Centro de Estudos Superiores de Imperatriz produz anualmente uma média de 40 (quarenta) trabalhos científicos aprovados e apresentados em Congressos de Sociedades Científicas nacionais e internacionais. Desmerecer subliminarmente o esforço, abnegação, compromisso científico, ética e honradez desses pesquisadores de um Centro Universitário de uma cidade de um Estado reconhecidamente carente como o Maranhão, e com baixos índices de investimentos em Educação, C&T, como no Norte-Nordeste, soa leviano, unilateral e despropositado de interesse público.

O professor Augusto Frazão a despeito de ter participado da matéria em alguns momentos com afirmações equivocadas e sem o devido rigor metodológico, é um ser humano com virtudes altruístas. Produz fitoterápicos sem interesse comercial nem pessoal. Erros, não seguir protocolos são fatos que jamais devam ocorrer no eficiente fazer acadêmico e pessoal do pesquisador, não obstante nem por isso deve-se tentar aniquilar com a reputação das pessoas. Se não, o que dizer do Professor Dráuzio Varela que contraiu Febre Amarela por ter ido a uma Área Endêmica e não ter seguido os protocolos de vacinação do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde?

O município de Imperatriz encontra-se hoje com aproximadamente 12 mil alunos matriculados nas Instituições de Ensino Superior locais: três públicas e quatro particulares. É o embrião do Polo de Ensino Superior inserido no desenvolvimento regional, que o município se tornará em pouco tempo.

A UEMA além de ter importante e significativa missão na formação de profissionais licenciados e bacharéis, avança na inserção da construção da Agenda regional, seja participando de conselhos de políticas públicas, de atividades extensionistas ou de produção de pesquisas sobre a realidade sócio-econômica e ambiental do Sudoeste do Estado do Maranhão. Somos hoje um dos articuladores acadêmicos, políticos e sociais do desenvolvimento do Estado.

O projeto multilateral Cinturão Verde, tendo a INFRAERO como principal gestor, apresenta como uma das atividades o Centro de Difusão Tecnológica. Atende a jovens e adultos, com Educação, Assistência Odontológica, Inclusão Digital, Inclusão Social, Capacitação Técnica, Melhoramento da Produção Olerícola, Geração de Renda e Resgate de Cidadania. Foi inclusive apontado nacionalmente como uma das boas práticas sociais daquela empresa. A UEMA sente-se honrada em ser partícipe desse projeto com mais cinco instituições.

O Conhecimento Científico é feito para ser contestado, pois é a refutação, a crítica, que o faz avançar. Jamais o pesquisador deve ser ridicularizado. Os ditadores e a Inquisição, esses sim, são a barbárie.

A dignidade e a honradez do povo imperatrizense, do professor Augusto Frazão, das instituições públicas e republicanas de Imperatriz, da Etnobotânica e da Fitoterapia, não serão eivadas por uma matéria com edição comprometida com fins que não visam ao interesse público nem ao bem estar físico, mental e social que caracteriza a Saúde Humana.

Prof. M.Sc. Antonio Expedito Ferreira Barroso de Carvalho
Diretor do Centro de Estudos Superiores de Imperatriz – CESI/UEMA

Fonte: correspondência pessoal

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